quarta-feira, 16 de março de 2011

Odin, rei padroeiro da magia

A imagem tradicional de Odin é a de um rei entronado, um senhor velho e barbudo com os lobos Freki e Geri e os corvos Hugin e Munin ao seu lado. Sua cor é o Azul. Esses são atributos de Júpiter, de Chesed (Misericórdia) na Árvore da Vida Judaica/Hermética. Um rei majestoso que governa diretamente de seu trono no Valhalla, pois Hugin (pensamento) e Munin (memória) comunicam tudo que se passa em Midgard, a terra dos humanos.

Entre seus muitos nomes, temos Wodanaz, Wotan, Woden e outros. Assim, Wednesday, a quarta-feira, é o dia de Odin. Mas quarta-feira está relacionada à Mercúrio/Hermes, deus da magia, o Hod (Glória) na Árvore da Vida. Assim, Odin revela sua faceta do Senhor das Runas, o padroeiro da magia. Mas como se dá a passagem do Deus entronado para o Deus da magia? A resposta está no sacrifício.

Almejando uma iniciação nos mistérios mágicos, Odin se sacrifica ao se ferir com sua própria lança e se pendura durante nove dias de cabeça pra baixo na Yggdrasill, a árvore que sustenta os nove mundos da mitologia nórdica. Sangrando e sofrendo, Odin obtém os caracteres rúnicos formados no chão através do próprio sangue. Dessa forma se dá a revelação do alfabeto rúnico, o Futhark. Mas ainda insatisfeito, Odin se submete a outro sacrifício. Ele oferece um de seus próprios olhos para em troca, beber da fonte do conhecimento onde Mimir é seu guardião. Aqui, duplamente, Odin revela seus atributos do Deus sacrificado, Deus solar que tem em Tiphareth (harmonia e beleza) seu lugar na árvore da vida hermética.

As chaves da transformação do Deus entronado para o Deus sacrificado são os próprios caminhos da árvore da vida. De Chesed à Tiphareth temos o Yod/Virgem (valor 10) – O Eremita do Tarô. Odin sacrifica o próprio olho para assim voltar seu “olhar” para si mesmo e adquirir sabedoria (introspecção). No passo seguinte, Deus sacrificado para Deus da magia, Tiphareth à Hod, temos Ayin/Capricórnio (valor 80) – O Diabo, que portando o pentagrama invertido na testa, busca a materialização dos pensamentos. Odin, recebendo a revelação dos mistérios mágicos através das runas, dá forma a idéias através da magia (materialidade). Por fim, somando os valores dos caminhos pelo qual se revelam os sacrifícios de Odin, temos 80+10=90, Tzaddi - o Imperador do Tarô. Finalmente a imagem de um rei entronado, mas que agora carrega um cetro (arma também de um mago) comunicando autoridade, poder e firmeza.
Odin re-velado em seu sacrifício

Assim como no nome de Jesus temos o Tetragramaton יהוה (Yod/Mão, He/Janela, Vau/Prego, He/Janela) com a letra Shin ש(Dente/Fogo) adicionada formando portanto a própria manifestação (fogo) do divino na terra, ou por que não, a imagem da mão de Deus pregada (na cruz), também há o que ser revelado no nome do Deus nórdico.

Transliterando o nome Odin para o hebraico, temos אודין (Aleph, Vau, Daleth, Yod e Num). As imagens correspondentes são: boi, prego, porta, mão e peixe. A criação do mundo na mitologia nórdica se dá com o surgimento de Ymir (gigante de gelo) e Audumla (vaca), ambos formados do gelo derretido. Através do leite da vaca Audumla (Aleph/Boi) Ymir era nutrido, mas ele foi sacrificado (Vau/Prego) por Odin e seus irmãos para assim o mundo ser formado com as partes do próprio corpo do gigante. Aqui também há inferências ao aeon de Touro (e posteriormente de Áries), época em que animais, normalmente bois ou carneiros, eram sacrificados para os deuses. A chegada do aeon que sucede o de Touro está implícito em Daleth/Porta & Yod/Mão (formando a idéia de entrada/pioneirismo – ambos atributos de Áries de da primeira casa astrológica, regida também por Áries). Assim, temos o aeon de Touro sucedido pelo aeon de Áries e por fim o aeon de Peixes (Num/Peixe – última letra do nome de Odin transliterado). O símbolo do peixe, marca dos cristãos pois indica o início da época em que Jesus foi crucificado e posteriormente a ascensão do cristianismo; marca também a época do repreensão da cultura nórdica, da cristianização da Escandinávia, e da perseguição dos costumes pagãos pela inquisição. A letra Num encerra o nome de Odin, inferindo assim ao aeon de Peixes e também o arcano Morte do Tarô. É o fim do Deus nórdico apagado pela expansão do cristianismo. Odin perde notoriedade.

Sigilo de Odin criado a partir do método da Golden Dawn


Por fim, somando os valores das letras do nome de Odin (Aleph=1, Vau=6, Daleth=4, Yod=10 e Num(final)=700), temos 721, que reduzido resulta 10 = 1+0=1, a Unidade, Kether, Primum Mobile, Tao, o próprio Deus. Utilizando a gematria ocidental com os caracteres latinos do nome WOTAN, temos 5+6+2+1+5 = 19, que reduzido também é 10 = 1+0=1, o mesmo Deus manifestado.
Sigilo de Wotan criado a partir do Kamea de Mercúrio utilizando os valores dos caracters latinos

Aqui estão expostas algumas faces de Odin, mas tudo isso não define toda sua complexidade, pois Odin também é Deus da sabedoria, da guerra, da caça, da morte, da poesia. São muitos atributos revelando a importância desse personagem na mitologia nórdica e também na vida humana, pois magia é só mais um ato de vontade.

93!


“Assim também aquele que invoca com frequência (as forças do Aeon de Hórus) contemplará o Fogo Informe, com tremores e confusão; mas se ele prolongar sua meditação, o resolverá em símbolos coerentes e inteligíveis, e ouvirá a enunciação eloquente daquele Fogo, interpretará o trovão disto como uma voz calma e baixa em seu coração. E o Fogo revelará aos seus olhos sua própria imagem em sua própria glória verdadeira; e falará em seus ouvidos o mistério que é seu próprio Nome correto”.
Aleister Crowley

Liber-v-vel-reguli

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